A casa, o tempo e a infância
Uma reflexão sobre as memórias que uma Casa Preparada pode oferecer às nossas crianças, baseada no filme "Aqui" (Here), dirigido por Robert Zemeckis, uma das novidades no catálogo do Prime Vídeo.
Neste final de semana assisti ao filme “Aqui“, que foi dirigido por Robert Zemeckis - o mesmo de “De volta para o futuro”, “O Náufrago”, “Forest Gump” e outros -, e que foi baseado na graphic novel de Richard McGuire.
Confesso que não imaginava que o filme me levaria para esse lugar de reflexão, mas a narrativa me fez pensar sobre a casa, o tempo e as memórias das nossas infâncias: a temática que mais amo, então senti de compartilhar sobre isso com você…
Que memórias os espaços contam?
O filme nos apresenta um olhar sensível sobre um único espaço – a sala de estar de uma casa – acompanhando sua transformação ao longo das décadas. A câmera permanece estática durante todo o filme, focando na passagem do tempo, nas mudanças nas pessoas, nos móveis, na rotina e nos significados que aquele espaço assume para diferentes gerações.
Essa ideia de um lugar que se adapta às mudanças da vida, que acolhe as dores, que amplifica as melhores memórias.
Como sua casa pode estar preparada para se adaptas às necessidades, acolher as necessidades e potencializar os interesses da sua criança?
Uma casa preparada para a Infância
Uma Casa Preparada para a Infância não é apenas um espaço bonito ou funcional. É um organismo vivo, que se adapta às necessidades de quem vive nela.
Quando um espaço permite que a infância aconteça de forma plena, ele se torna um lugar de pertencimento, um cenário onde memórias profundas se constroem.
Os espaços que acolhem as crianças não são apenas físicos. São os lugares onde o riso ecoa, onde os aprendizados acontecem e onde as relações familiares se fortalecem.
São os lugares onde os pequenos crescem se sentindo parte da casa – e não apenas visitantes dentro dela.
Preparar a casa é preparar histórias
O que podemos aprender com o filme ”Aqui” sobre nossas casas preparadas?
Uma casa precisa mudar com o tempo: assim como no filme, nossas casas evoluem com as fases da vida. No filme, o único cenário se transforma diversas vezes: lugar de estar, lugar de observar a lua, lugar de brincadeiras entre irmãos, lugar de celebrar casamento, festas, e tradições familiares, lugar de dançar, lugar de conversas importantes, lugar de acolhimento de enfermos, lugar de reunião, lugar de abrigo, lugar de pertencimento.
Assim como apenas um ambiente - como a sala de estar do filme - pode ter significados distintos ao longo do tempo, a própria casa pode ir conquistando novos espaços a depender das necessidades de cada família.
O espaço que um dia foi um quarto de bebê, por exemplo, pode se tornar um ateliê de artes quando a criança cresce.O importante é que a casa sempre seja um suporte às necessidades de seus moradores: um lugar que facilita a vida de quem a habita.
As memórias são construídas nos espaços: O filme me fez lembrar de uma frase do filósofo brasileiro Gandhy Piorski:
“Se nos atemos a imaginar em nossas casas de quando crianças mergulhamos num tempo só nosso, um tempo-lugar. Um tempo da memória que vira quando é um tempo espacializado. Nossas memórias de infância tendem a se construir no espaço e se aprofundar no tempo. Raramente sabemos o tempo exato dos acontecimentos de nossa infância. Alguém tem de nos informar sobre isso. Mas sempre sabemos do espaço onde os acontecimentos se deram. A memória os grava e se sustenta neles.” (Piorski, 2023, p. 187. Os grifos são meus)
Acredito muito nisso! E em que a casa [verdadeiramente] preparada para nossas crianças nos ajuda a oferecer a elas as melhores memórias de sua infância.
Uma casa preparada é uma casa de pertencimento: quando a criança encontra espaços que respeitam suas necessidades, ela se sente segura e livre para explorar, criar e participar ativamente da vida familiar.
Ao assistir Aqui, me emocionei ao perceber que não é apenas o tempo que molda uma casa, mas as histórias que acontecem dentro dela. E quando pensamos em uma casa preparada para a infância, estamos falando exatamente disso: um espaço que dá suporte para a vida, que se adapta, que acolhe e que se torna parte da história de cada pessoa que o habita.
Que nossas casas sejam mais do que paredes estruturadas, mais do que espaços bem decorados… Que as casas de nossas crianças sejam cenários vivos, potencializadores das Infâncias de nossas crianças.
Beijo grande, com muita gratidão por você ter lido até aqui! 🩶
Vou amar receber sua resposta sobre esta newsletter e saber o que ela despertou em você! Você pretende assistir o filme? Se sim, depois me conta o que ele despertou em você?
Com amor,
Audrey Migliani, do Ambiente Preparado.
Mãe da Rebeca (7 anos)
Fundadora do @ambientepreparado
Arquiteta no @ambientepreparado.arq (CAU A105110-5)
Curadora de literatura infanto-juvenil no @nabibliotecadarebeca
Pesquisadora (PhD) de Espaços Inclusivos às Infâncias
Guia Assistente (3-6) pelo Método Montessori pelo Lar Montessori
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